Pular para o conteúdo principal

Maria Santíssima Mãe de Deus


Majestade de Cimabue -1280
Galleria degli Uffizi, Florença- Itália
Celebrar a realeza de Maria é celebrar a realeza dos cristãos e, portanto, a realeza da Igreja, Povo de Deus. O ícone sobre a Realeza de Maria, é conhecido mais comumente, como Majestade.  O trono que vemos, em um primeiro momento nos fala de realeza, manifesta o poder de reis e rainhas, mas neste ícone quer nos indicar o aspecto antropológico de Maria que acolhe o Redentor. Sua figura que geralmente, é associada ao poder do mundo, é vista aqui, em segundo plano, pois o verdadeiro trono de Jesus é a Virgem Mãe. “A dignidade da Mãe se mede pela grandeza do Filho. Se Cristo é o Rei do Universo à Theotokos (Mãe de Deus) se espera a honra de Rainha”[1].
Sim, Maria é a Rainha do Céu e da Terra e como imagem da Igreja, ela e todos os cristãos são chamados em Cristo, com Cristo e por Cristo a governar este mundo para que o seu Reino alcance todos os corações e transforme todas as realidades. Assim, como a Virgem Mãe gerou o Deus-homem no seu ventre e o colocou no Trono do mundo, do mesmo modo, cada cristão a exemplo de Maria é chamado a gerar Cristo no coração dos homens. Ela, a Virgem Mãe, é a escada de Jacó, que uniu o céu à terra, que permitiu pelo seu sim, que a salvação de Deus viesse até nós. 
Ela é a Hodighitria, aquela que aponta o Caminho para o Cristo Senhor do tempo e da história.  O Deus feito homem para a nossa Salvação, o Cristo Rei do Universo e dos homens, Palavra encarnada que se encarnando fez com que toda criação se tornasse nele, meio de comunhão com Deus, até mesmo o pecado e a morte.
Maria aponta e conduz cada homem que se deixa conduzir por ela ao seu Filho, ela sabe que Ele é o Emanuel, Deus conosco, por isso, como sua primeira discípula o adora e conduz os homens para que eles também o adorem e recebam dele a sua Vida divina. Por meio de Maria, a Hodighitria os homens chegam ao conhecimento da fé e atingem a comunhão com Deus. Ela, semelhantíssima ao seu Filho Divino, é entre todas as criaturas, a única através da qual, podemos contemplar a entrada de Deus na vida humana e sua ação transformadora.  Neste sentido, ela é exemplo de acolhida na fé da vontade do Criador, e exemplo pleno da esperança escatológica da divinização do ser humano que acolhe a graça de Deus, pois ela é “o limite entre o criado e o incriado”[2]. Por isso, “a oração de Maria participa da potência de Deus; ela é uma ajuda e uma força soberana para a salvação dos cristãos”[3]
Assim, a Igreja, reconhecendo-a como Mãe de Deus, não se cansa de pedir sua intercessão e auxílio no caminho da fé como nos recorda a Oração da Coleta do Missal Romano na liturgia da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus: “Senhor nosso Deus, que, pela virgindade fecunda de Maria Santíssima, destes aos homens a salvação eterna, fazei-nos sentir a intercessão daquela que nos trouxe o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso Filho. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo[4].

                                                                                                           Pe. Mateus Lopes




[1]T. Spidlík, M.I. Rupnik, La fede secondo le icone, Roma, 200, 115.
[2]V. Lossky, A l’image et a la ressemblance de Dieu, Parigi 1967, 206.
[3]T.Spidilík, La Spiritualità dell’Oriente Cristiano, Roma, 1985, 139.
[4]Missal Romano, 148-149.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Monograma de Cristo

   Monograma de Cristo ou Chi Rho é uma combinação das letras do alfabeto grego que formam a abreviação do nome de Cristo. Seu uso é pré-cristão, mas os cristãos orientais começaram a usá-lo partir do século III como uso privado. Sua difusão foi a partir do Edito de Milão em 333, onde o Imperador Costantino permitiu que o culto cristão se tornasse público. SIMBOLOGIA : O Eterno simbolizado pelo círculo ⭕️ significa que Deus em Cristo entrou no tempo e no espaço, que aparece aqui através do quadrado 🔲 que representa os 4 cantos da terra. Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem se encontra no centro coroado pelo Pai com a coroa da vitória. Ele é o vencedor sobre a morte e o pecado, por isso recebe do Pai a coroa imperecível da Glória. Ele é o centro do mundo, somente por meio dele recebemos a vida. Unindo Céu e terra, eternidade e tempo concede a todos os seres humanos, de todos os tempos e lugares de participarem da sua Divina-humanidade e nele se tornarem verdadeiramente,

O Enigma das Rosáceas nas Catedrais Góticas: simbologia e espiritualidade

  Elemento tipicamente presente nas fachadas e transeptos das grandes Catedrais Góticas, as rosáceas mais que meros componentes decorativos, são uma verdadeira catequese simbólico-espiritual que nos inserem no mistério da Encarnação de Cristo. Ele assumindo a nossa natureza humana divinizou o Cosmos e a matéria de toda a Criação, mas sobretudo divinizou e santificou nossa humanidade, e nos deu a graça de nos tornarmos n’Ele verdadeiros filhos de Deus Pai. Este é o mistério presente nas rosáceas que encontramos nas fachadas das antigas catedrais e igrejas neogóticas espalhadas pelo mundo.    O estilo Gótico e sua belíssima arquitetura sucedeu o breve período românico, mas não perdeu a dimensão simbólico-teológica do período anterior, antes procurou manifestá-la com maior riqueza e consciência de seu próprio espaço [1] . Esta realidade, a percebemos através da utilização das imagens. No período românico as imagens, com formas essenciais e estáticas eram encontradas nos capitéis,

Ascensão do Senhor: Contemplando nos Céus a nossa natureza humana

Ascensione, metà del XIV sec., Galleria Tretjakov, Mosca 1.       História                Na Ascensão, diz São Romano o Melodista:  Depois de ter realizado a economia em nosso favor e unido a terra ao céu, tu te elevaste em glória, ó Cristo Deus, sem separar-te de nós, mas permanecendo sempre unido a nós e dizendo a todos quanto te amam: Eu estou convosco.                A festa da Ascensão pertence ao período da Páscoa e já era celebrada nos primeiros quatro ou cinco séculos da Igreja juntamente com a festa de Pentecostes. O que sabemos, chegou a nós, através do diário de viagem de uma peregrina chamada Egéria que se encontrava em Jerusalém, na década de oitenta do século IV. Em seu diário, ela conta detalhes desta festa celebrada no quadragésimo dia após a Páscoa, de forma estacionária, uma vez que era iniciada em Belém na quarta-feira com uma vigília na Igreja da natividade (onde Jesus nasceu) e na quinta-feira ( no quadragésimo dia) habitualmente se celebrava o seu