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Ascensão do Senhor: Contemplando nos Céus a nossa natureza humana


Ascensione, metà del XIV sec., Galleria Tretjakov, Mosca

1.     História

               Na Ascensão, diz São Romano o Melodista: Depois de ter realizado a economia em nosso favor e unido a terra ao céu, tu te elevaste em glória, ó Cristo Deus, sem separar-te de nós, mas permanecendo sempre unido a nós e dizendo a todos quanto te amam: Eu estou convosco.
               A festa da Ascensão pertence ao período da Páscoa e já era celebrada nos primeiros quatro ou cinco séculos da Igreja juntamente com a festa de Pentecostes. O que sabemos, chegou a nós, através do diário de viagem de uma peregrina chamada Egéria que se encontrava em Jerusalém, na década de oitenta do século IV. Em seu diário, ela conta detalhes desta festa celebrada no quadragésimo dia após a Páscoa, de forma estacionária, uma vez que era iniciada em Belém na quarta-feira com uma vigília na Igreja da natividade (onde Jesus nasceu) e na quinta-feira ( no quadragésimo dia) habitualmente se celebrava o seu ofício ao longo do dia e à tarde se retornava a Jerusalém.
               Assim sendo, no quinquagésimo dia após a Páscoa, no domingo, depois da véspera da Anàstasis (na Igreja da Ressurreição), subia-se ao monte das oliveiras até o Imbomon (ponto culminante do monte das oliveiras), onde o Senhor ascendeu, juntamente com o povo, o bispo e os sacerdotes rezavam com antífonas, hinos e textos das Escrituras que falavam de ascensão, logo depois, os catecúmenos eram abençoados, depois os fiéis e depois descia-se à Igreja onde Jesus instruiu os apóstolos e à tarde do mesmo dia se celebrava o Pentecostes.
               São Cirilo de Jerusalém disse em sua catequese: Em uma gruta Cristo desceu do céu para começar sua obra redentora, na outra ele subiu ao céu para receber o prêmio.
No entanto, entre os séculos V e VI, a festa da Ascensão começou a ter sua própria fisionomia nas várias Igrejas, conhecida como um dia solene para alguns Padres. Entre os padres, temos duas homilias escritas por Gregório de Nissa sobre a festa da ascensão que influenciaram sua difusão como uma festa antiga e universal. Já no contexto bizantino, a festa é chamada Anàlipsis, que significa Assunção (por seu próprio poder).

2.    Iconografia

Ascensão, Mônaco 400 d.C
Porta da Igreja
de Santa Sabina
Roma 430 d.C
               A iconografia desta festa encontra suas fontes nos Evangelhos de Marcos 16,19, Lucas 24, 50-52 e nos Atos dos Apóstolos 1.1-12.  É uma iconografia com origens muito antigas, encontramos exemplos que datam do final do século II, e por esta razão encontramos dois tipos de iconografia, um antigo e outro mais atual. Em    uma iconografia antiga, como o de Mônaco    (400 d.C), vemos Cristo subindo ao céu por uma escada formada  por nuvens, onde a mão do Pai aparece na parte superior ajudando-o em sua ação. O mesmo acontece com o Sacramentário de Drogo, (850 d.C) que se encontra na, Bibliothèque National  de Paris e também na representação feita na Porta da Igreja de Santa Sabina em Roma (430 d.C) com um  detalhe de que Cristo é ajudado por um anjo que simboliza o poder de Deus.

Sacramentário de Drogo
850 d.C
               A partir do século IV encontramos a tipologia atual onde o Cristo está no centro no alto, cercado pelos poderes angélicos e na parte inferior do ícone encontramos os apóstolos, a virgem e os anjos.

Código de Rabulla 586 d.C
        O código de Rabulla de (586d.C), nos traz outra iconografia da ascensão que lembra o livro do profeta Ezequiel, nesta representação encontramos Cristo dentro da mandorla, apoiado por dois anjos, os outros dois, o flanco em adoração. Sob a mandorla encontramos o tetramorfo apocalíptico (Carro de Deus) com asas com olhos, com quatro rodas de fogo de acordo com a visão de Ezequiel 1, 4-28; 10, 2-22. aos pés de Cristo, Maria é ladeada por dois anjos voltados para o exterior, para os dois grupos de apóstolos.

Esses tipos de representações nos fazem perceber um movimento mais dinâmico, como os de Munique e do Evangeliário de Rabulla, e nos mais estáticos, como o da Escola de Moscou do século XV. É interessante notar que nas iconografias mais antigas, Jesus não se elevou sozinho, mas de acordo com as Escrituras ele foi elevado, ou seja, assumido, acolhido pela mão divina ou ajudado pelos anjos.
Precisamente para mostrar a importância do ícone da ascensão, procuramos vários  versículos bíblicos que falam deste carro de Deus, o apocalíptico tetramorfo representado apenas no Ícone de Rabulla, porque este carro, assim como a mão do Pai e o anjo nos fazem ver o aspecto relacional entre Deus e seus servos e, além disso, com seu Filho, que não sobe aos céus sozinho, mas em uma relação de comunhão com o Pai.

Detalhe Código de Rabulla
               A expressão carro de Deus, carro de Fogo ou carro de ouro aparece neste sentido na Bíblia por 15 vezes e, somente uma vez no Novo Testamento no Livro do Apocalipse de São João.

               No Antigo Testamento, quase sempre aparece em um contexto apocalíptico onde, mostra a glória de Deus e seu poder, este carro está sempre a serviço de Deus ou de seus servos, como aconteceu com os profetas Elias e Eliseu. Elias foi conduzido por um carro de fogo para o céu em 2 Reis 2,11, Eliseu implora a Deus que cure um homem cego para que ele veja os carros de fogo que Deus lhes havia enviado em 2 Reis 6,17. Ainda no livro de 2 Reis 13,14 este carro aparece como a figura do próprio profeta que através da palavra manifesta a presença de Deus ao povo e do povo a Deus, neste sentido ele também é interpretado como o carro  que leva a arca de Aliança e carruagem de proteção do povo de Deus. Posto isso, entendemos que onde está o carro de Deus está a sua presença. Deste modo, não é difícil entender por que a representação de Rabulla de 586 lembra essa imagem que aparece no Antigo Testamento de um modo misterioso, mas que encontra seu verdadeiro cumprimento em Cristo, o Senhor da História e da eternidade, que elevado ao céu pelo Pai que ele enviou seu carro,  traz consigo o povo da nova aliança, a humanidade redimida, a Igreja impressa em sua própria carne. 

3.     O ícone

              
Andrej Rublev, Scuola di Mosca,
Ascensione, 1408, Galleria Tretjakov, Mosca

 O ícone é composto de duas partes, a primeira é aquela da esfera celeste onde se encontra o Cristo glorioso (distante), a segunda é aquela da esfera terrestre povoada por vários elementos (próximos).
               Este esquema iconográfico se repete em numerosas decorações absidais nas quais o Cristo Pantokrator se encontra acima no topo, enquanto no registro inferior aparece a Virgem, na atitude de Orante, circundada pelos os apóstolos.










A primeira parte do ícone - O Cristo


Cristo é representado no centro do ícone, não tanto no ato de ascender ao céu, mas no de alcançar, como o cumprimento da promessa feita aos apóstolos aos anjos "assim novamente ele retornará a vós, do mesmo modo como o vistes subindo ao céu, significando uma única dimensão do tempo escatológico simbolizado pela mandorla na qual ele está no meio ", na verdade, é suficiente mudar a maneira como Jesus está sentado para ter a mesma atitude que o ícone do julgamento final.

O trono
               O trono é muito importante porque nos diz que a ascensão é mais do que uma subida até a montanha e mais que uma viagem cósmica da terra para o céu em uma nuvem. Ascensão é o encontro definitivo de Cristo - o homem verdadeiro - com a plenitude de seu Pai. A imagem de Cristo sentado no trono nos sugere que a entronização na glória de Deus nos ajuda a não perder de vista o essencial do mistério da ascensão, que é o seu ponto de chegada, isto é, que nossa humanidade foi elevada aos céus.

As vestes de Cristo
               As vestes de Cristo não são as brancas da Ressurreição, mas de púrpura e ouro, as cores da realeza.

O rosto de Cristo
               O rosto de Cristo é de fogo, semelhante ao sol quando brilha em todo o seu esplendor, da sua pessoa humana e divina, a luz da divindade irradia para toda a amplitude dos céus. Seu gesto é o mesmo que encontramos no Pantrokrator (Aquele que mantém tudo na vida) com sua mão direita faz um gesto solene que expressa seu senhorio acima de todas as coisas, em alguns ícones da mesma festa esse gesto expressa a bênção que ele deu aos apóstolos. Na mão esquerda ele carrega o pergaminho da lei.

 Os pés de Cristo
Detalhe Capela
Remptoris Mater-Vaticano
               Um dos pés de Cristo está localizado fora da Mandorla para deixar claro que o caminho que ele seguiu e a Porta da eternidade que ele abriu continuam abertos a toda a humanidade. Outro aspecto do pé, é que ele indica que Cristo continua presente em sua Igreja, guiando-a através dos séculos. Este aspecto é mais visível na capela Redemptoris Mater, onde se vê que na ascensão é o manto de Cristo que permanece fora da mandorla e não seus pés.

Os anjos
               É interessante notar que os dois anjos neste ícone, que também podem ser representados em quatro, estão vestidos com as túnicas que têm a mesma cor da Encarnação e por isso são chamados anjos da Encarnação.
               Deste modo, com um olhar cuidadoso, pode-se ver que Cristo junto com os dois anjos formam um triângulo equilátero, o que simboliza a presença da Santíssima Trindade.

A segunda parte do ícone - povoada

Os dois grupos dos apóstolos (A atitude da Igreja)

               Na segunda parte do ícone, a parte inferior encontramos os apóstolos, estes estão divididos em dois grupos de seis, no primeiro plano, Pedro e Paulo aparecem como corifeus, os príncipes dos apóstolos. O grupo da esquerda está em movimento, símbolo da ação e o da direita está em uma postura de contemplação. Estes dois grupos representam para os cristãos as duas asas que têm um pássaro para voar em direção ao alto. Outro entendimento seria que o grupo da esquerda traduz o impulso para cima, enquanto o grupo da direita contempla a Theotókos, o mistério oculto da Igreja, o poço de água viva, a santidade.

As vestes dos apóstolos
 
               A cor verde da túnica ou manto dos apóstolos nos mostra que eles estão agora na esperança da promessa da vinda do Espírito Santo, isso significa que a renovação está prestes a começar neles e o poder da mesma já está entrando neles, que o Pentecostes está próximo. Deste modo, é interesse notar que a figura externa dos apóstolos se encontra em um círculo, isso nos mostra que a Igreja está inscrita no sinal sagrado da eternidade e da circunsessão (a necessária coexistência das três pessoas na Trindade) entre o Pai e o Filho. A Igreja é chamada a viver a comunhão Trinitária.

A Mãe de Deus e os anjos da ressurreição (A atitude da Igreja)

               Juntamente com os apóstolos, a Mãe de Deus (Theotókos) ocupa o lugar central, é o ponto focal localizado em primeiro plano. Destaca-se contra o pano de fundo da brancura angelical. De fato, ela é mais pura que querubins e maior que serafins. Os mundos terrestre e angélico convergem nela.
               É interessante notar que, mesmo na parte terrestre do ícone, encontramos a mesma figura geométrica do triângulo que ainda nos lembra da presença da Trindade. Desta vez foi composto dos dois anjos e da Virgem. Os anjos chamados anjos da ressurreição recordam o Pai e o Espírito, enquanto a Virgem, com sua corporeidade, o Filho a quem deu a carne.
               Mas esses mesmos personagens ainda formam outra figura, a de um cálice onde dentro dele está a figura da Mãe de Deus, símbolo do povo de Deus, símbolo da Igreja orante, que ora pela vinda do Espírito Santo e como noiva espera a segunda vinda de Cristo. Esta posição no cálice lembra a Trindade de Rublev, onde além do cálice visível no altar, no cálice invisível, o Cordeiro de Deus, o Filho se oferece ao Pai para a salvação do mundo.

As montanhas e as quatro árvores (da missão de evangelização)

               Atrás todos os personagens da metade inferior do ícone, encontramos um aglomerado de rochas. Estes dão a impressão de que os personagens estão imersos e delimitados pelo peso da terra. Aqui devemos nos lembrar o que o Senhor disse aos apóstolos antes de ascender ao céu: "Ide e fazei discípulos em todas as nações batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a praticar tudo o que eu lhes ordenei". Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos tempos (Mt 28, 16-20).
               Assim, neste bloco rochoso, são elevam quatro arvorezinha, que não são as oliveiras, mas os quatro cantos da terra "estéril", escravizados pela idolatria, aqueles que ressurgem através do anúncio da Boa Nova, idealmente simbolizadas pelos quatro evangelistas.

4.     Leitura espiritual

               A leitura espiritual deste ícone a partir da liturgia nos mostra que ele está coligado aos mistérios da fé: Encarnação, Ressurreição-(descida à Mansão dos mortos) e ao Pentecostes.
Andrej Rublev, Scuola di Mosca,
Ascensione, 1408, Galleria Tretjakov, Mosca
               O ícone eclesiológico da Ascensão nos faz imergir no mistério de Cristo e de sua Igreja e neles também em nosso mistério humano. De fato, aquele que estava seio do Pai, desceu do Céu e se encarnou no ventre da Virgem Maria, e foi feito carne, assumindo nela a nossa carne com todas as suas limitações e pecados. Aqui se encontra a beleza deste ícone e desta solenidade, é justamente, esta carne humana, ressuscitada que Jesus Cristo em sua ascensão introduz no céu, ao ponto de surpreender os anjos como se reza na liturgia oriental: Hoje as legiões supremas contemplam nossa natureza nos céus, maravilhadas com aquela estranha ascensão, incertos eles perguntaram um ao outro: quem é esse homem que está vindo? Mas quando eles viram o Senhor soberano, e ergueram as portas celestiais. Juntamente com eles, nós celebramos incessantemente aquele, que novamente do alto virá com a carne como Juiz de todos e Deus Todo-Poderoso(Vésperas da Ascensão).
               Através da ascensão vemos que a vida cristã está sempre em movimento da morte para a vida, uma jornada iniciada por Cristo cujo fim ele não alcança sozinho, mas junto com toda a humanidade. Em sua descida, não encontrando o homem na superfície da terra, ele entrou nas suas profundezas para procurá-lo, entrou na mansão dos mortos e de lá subiu não para a sepultura, mas para o céu. Apresentou ao Pai suas feridas que na verdade são as nossas feridas, de modo que entendamos que não mais  precisamos ter medo, porque nossas feridas e tristezas estão ali agora diante do Pai, isso significa que não vivemos mais de nossas feridas humanas que nos trazem dor e morte, mas vivemos de uma única ferida aquela do lado de Cristo que nos traz a Vida Nova do Batismo e da comunhão da Igreja que é o seu Corpo.
               Na Igreja através da liturgia, porta que permanece sempre aberta nos seus sacramentos, mas sobretudo na Eucaristia, vivemos em cada Missa esta ascensão que nos leva à vida do Reino na eternidade. Através da liturgia, a cabeça (Cristo) atrai seu corpo para o céu. De fato, quando o sacerdote se dirige à assembleia no início da anáfora: a liturgia celeste começa, e com ela se une  aquela terrena, o momento em que o Filho nos deixa sua herança, seu corpo, sua alma, sua divindade. Os fiéis dão o seu assentimento e declaram que eles têm o coração onde está o nosso tesouro: “o nosso coração está em Deus”, onde o Cristo está assentado à direita do Pai: Nós estamos diante do Senhor. Então o sacerdote dá graças a Deus: glorifica-o, louvai-o juntamente com os anjos.
               Neste sentido, podemos dizer que o Pentecostes constituiu o momento culminante da liturgia cósmica, porque somente aqueles que vivem no Espírito são capazes de ver além da realidade material e levar todas as coisas à sua realização plena, que é louvar e glorificar a Deus.
Pe. Mateus Lopes


Gaetano Passarelli., Icone delle Dodici Grandi Feste Bizantine, Milano, 1998.
Gaetano Passarelli., O ícone do Cristo Salvador. São Paulo,1996. 
Spidilik, Rupnik, La fede seconde le icone, Roma, 2011, 60-62.
Angelo Vaccarella., Icone e Feste del Ciclo Liturgico. 2006.
Pentikostarion, vol II, vésperas da ascenção, in http: //www.
webalice.it/giovanni.fabriani/Testi_liturgici/Pentikostarion%20vol%20II.pdf








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