A figura deste enigmático labirinto se encontra na entrada sa Igreja de São Martinho na cidade de Lucca na Itália. À sua direita encontramos a seguinte inscrição em latim:HIC QUEM / CRETICUS / EDIT DEDALUS EST / LABERINT / HUS DEQ(U)O NULLUS VADERE QUIVIT / QUI FUIT / INTUS / NI THESEUS GRATIS ADRIANE STAMINE IUTUS que se traduz: “Este é o labirinto construído por Dedálo de Creta do qual ninguém que entrou pôde sair exceto Teseu ajudado pelo fio de Ariadne “. Este símbolo enigmatico nos chama atenção e nos faz perguntar: Porque um símbolo pagão foi colocado na entrada de uma igreja cristã? É dificil encontrar uma resposta. Mas podemos afirmar com toda certeza que se trata de uma alegoria para a vida espiritual. Os cristãos na Antiguidade eram mestre em interpretar símbolos, porque diferente de nós hoje, para eles o símbolo não significava alguma coisa, mas era uma realidade que fazia parte da vida, do cotidiano. Portanto, era uma realidade vivencial profunda na qual se encontrava dois mundos: aquele divino e aquele humano. Por isso, o símbolo no cristianismo, muito mais que um significado se trata de uma realidade que uma vez contemplada se descobre uma outra, que por sua vez se abre e me revela uma outra e assim infinitamente, porque o mistério de Deus é infinito.
Entre tantos significados que os estudiosos dão a esta misteriosa figura do labirinto, me chama atenção aquela do caminho da vida que supera o labirinto do pecado, o qual uma vez que se entra é difícil sair. Não somos capazes de vencer o pecado sozinhos, como indíviduos, mesmo se nos esforçamos. Devemos lembrar que nossa naturaza humana é ferida de pecado e de morte. É necessário um auxílio, uma ajuda eficaz.
Neste sentido olhando para a figura do labirinto, encontramos mais uma vez a mensagem cristã da Encarnação de Cristo, Deus se fez homem, entrou no tempo, veio habitar esta terra para resgatar os filhos de Deus. A Terra aqui simbolizada pelo quadrado e a eternidade pelo círculo, que nas passagens que levam ao centro da onde se pode sair encontramos o a figura da Cruz. O caminho para Deus nunca è retilínio, é sempre curvo e cheio de surpresas, mas são nas curvas da existência que nos encontramos com Ele e fazemos a experiência de seu amor e de sua presença que nos caminhos da vida acompanha. Cristo é o caminho que nos leva para fora do labirinto, mas quando estamos nele, Cristo è o fio que nos conduz, do qual recebemos a Vida Nova que Ele nos deu com sua Cruz, por isso nestes caminhos tortuosos Cristo é e, será sempre a Verdade a nos iluminar nos momentos mais obscuros de nossa caminhada existencial.
Assim como no labirinto, estar perto do centro não significa ter acesso a ele, na vida espiritual è a mesma coisa; para chegar à via unitiva é necessario passar pela purgativa. A vida cristã é marcada pela presença da Cruz, mas sua presença é sinal da Ressurreição. Neste sentido, quando olhamos para o labirito de Dedálo na entrada de uma Igreja, podemos dizer embora estejamos todos dentro deste labirinto feito de tantas curvas e surpresas, não tememos a vida, pois Deus em Cristo entrou na nossa historia. Ele assumiu nossa naturaza humana, morreu e ressuscitou e nos conduz ao Pai, pois nele somos verdadeiramente, filhos de Deus. Portanto, ao entramos na Igreja, proclamamos que mesmo vivendo no labirinto desta vida caminhamos na Visão do Ressuscitado que nos faz ver nas e além das dificuldades o caminho que nos leva ao Pai.
Pe. Mateus Lopes
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